quinta-feira, 11 de junho de 2009

Futebol:África do Sul inicia a contagem regressiva para o início da Copa de 2010


Daqui a exatamente um ano, em 11 de junho de 2010, a bola da Copa do Mundo vai rolar pela primeira vez na África. Ao som das cornetas, com cheiro de povo, com gosto de igualdade, a maior festa do futebol finalmente se apresentará bem pertinho de seus fiéis súditos africanos.

Alguns palcos já estão quase prontos, como o Ellis Park (sede da abertura e da final da Copa das Confederações), em Johanesburgo, e o Loftus Versfeld, em Pretória, construído em 1906, mas em plena atividade, principalmente em partidas de rugby. Outros, como o Orlando Stadium, servirão como local de treinos. Mas a grande estrela entre os estádios é o Soccer City, em Soweto, onde acontece o primeiro jogo e a decisão da Copa de 2010. Quando estiver finalizado, provavelmente no final deste ano, ele se tornará o maior da África, com capacidade para 94 mil torcedores.

Ao contrário dos 12 estádios da Copa da Alemanha e da Copa do Brasil, na África serão apenas dez, espalhados por nove cidades. Mas para modernizar cinco deles e construir os outros cinco, a África do Sul deve gastar cerca de 1 bilhão de dólares, 285% acima da previsão inicial. E praticamente todos os recursos vem do dinheiro público. O primeiro a ser entregue foi o de Porto Elisabeth, neste mês.

- Todos os estádios estarão prontos até outubro, exceto o da Cidade do Cabo, que será finalizado em dezembro - garantiu o presidente do Comitê Organizador, Danny Jordaan.

Agência/EFE

Funcionários prendem a camisa comemorativa da Copa em um prédio de Johanesburgo

Além do estouro no orçamento, outra grande dificuldade da África do Sul é a falta de infraestrutura para um evento tão grande como a Copa do Mundo. Não há um sistema de transporte eficiente e quem não tem carro se locomove em vans. A linha especial de ônibus, que estava prevista para funcionar parcialmente durante a Copa das Confederações, não foi entregue a tempo. Enquanto isso, o governo recém-eleito enfrenta grande resistência dos motoristas de vans para regularizar o transporte público. Há também a escassez de energia - por causa dela, algumas cidades por vezes enfrentam apagões e as ruas e estradas não são bem iluminadas. A África do Sul deve ter a ajuda de países vizinhos para solucionar o problema.

O outro grande adversário é a criminalidade. Segundo dados oficiais, a média do país é de cerca de 40 assassinatos a cada 100 mil habitantes - na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são cerca de 38 a cada 100 mil habitantes. Uma das principais causas é a desigualdade social - tal como o Brasil, a África do Sul alterna áreas de grande desenvolvimento com lugares esquecidos pelo poder público. Para evitar que a Copa seja manchada pela violência, a previsão é de que 160 milhões de dólares sejam usados só com segurança e que 41 mil policiais trabalhem especialmente no evento. Mas mesmo com tantos desafios, Jordaan aposta em uma grande Copa do Mundo.

- Um povo como o da África do Sul, que derrotou o Apartheid (regime de segregação racial que perdurou por quase 50 anos no país), não vai aceitar uma derrota em um evento tão importante como esse - comparou.

De fato, o Mundial é visto no país como a oportunidade de mudar a imagem da África do Sul no resto do planeta - de nação dividida à potência emergente e multicultural. O caminho para esta transformação é longo, mas, como lembram os painéis de contagem regressiva espalhados pelo país, um dia pode ser alcançado.

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